sábado, 28 de dezembro de 2013

Wet'n'Wild Sydney

O escritório onde o Thiago trabalha tinha o Wet'n'Wild (aquele parque aquático conhecido, acho que dispensa maiores apresentações) como cliente. Assim, antes da abertura oficial do parque eles fizeram uma abertura para convidados e o Thiago entrou no sorteio de ingressos.

Pra meu azar ele ganhou os malditos ingressos... rs Explico: eu detesto parque aquático! Na verdade já nunca fui muito fa de piscina, tenho meio nojo daquela água parada onde as pessoas entram sujas, fazem xixi, e nem adianta me dizer que tem filtro e tal, porque pra mim continua nojento. Já me perguntaram porque eu tenho nojo de piscina e não do mar, mas acho que dispensa explicação, né? Olha o tamanho do mar e o da piscina! A água dilui muito mais no mar, tem as ondas que “limpam”, e tal. haha Se bem que se for aquelas praias de lagoa eu também tenho nojo, pra mim é igualzinho a piscina. Tá, doidera de gente com TOC, eu sei, mas fazer o que, eu não podia ser perfeita...

Voltando ao assunto, fui poucas vezes em parque aquático na vida, evitava sempre que podia. Depois dos 18 anos só me lembro de ter ido umas 3 vezes, 2 no Brasil por insistência dos amigos, e outra no próprio Wet'n'Wild, mas de Cancun, apenas porque era lá que tinha a atração com golfinhos mais barata. Tá, agora além de doida do TOC vcs devem estar me achando mão de vaca também...

Com esse prólogo, pode-se imaginar minha falta de animação com o ingresso pro Wet'n'Wild. Mas o Thiago estava tão animado que não tive coragem de vetar, apesar de ter tentado, então fomos lá.

Era um sábado de sol, só não digo que quente pois isso anda difícil aqui em Sydney. Pelo menos pros meus padrões cariocas, se for abaixo de 30 graus não ta valendo... rs Mas só de estar sol sem vento gelado já não podia reclamar. Como agora moramos em Sutherland, perguntei pro Thiago: “onde fica o parque?” No que ele responde que em Bankstown. Achei estranho pois esse bairro é bem perto do centro, e esses parques costumam ficar mais afastados, mas enfim, então sugeri de irmos comer no restaurante de uma amiga que fica num bairro ali perto. O Thiago já reclamou, claro, pois queria chegar no parque assim que abrisse pra ficar horas lá, o que eu tive que fazer uma séria objeção, também não dá pra abusar da minha boa vontade, né!

Enfim, foram 45 minutos de carro da nossa casa (agora no sul de Sydney) até o restaurante. Quando saímos de lá pedi ao Thiago o endereço certo pro GPS e quando fui ver no mapa não era em Bankstown, mas Blacktown! É como confundir a China com o Chile (aliás ele é mestre nisso, outro que ele adorava confundir era St Leonard com St Peters, um no norte e outro no sul/leste)... Resultado: mais uns 40km de onde estávamos! Reclamando xingando um pouco, lá fomos nós.

Por conta do maldito GPS e da minha ignorância em seguir as instruções demoramos quase 1 hora pra chegar no maldito parque. Chegamos já eram 3 horas e eu pensei, bom, como fecha as 5, a galera já deve ter ido embora, vai estar vazio, ficamos de patrões da piscina e vamos embora em breve: ótimo. O estacionamento estava vazio e achei mesmo que estava vazio.

Ao entrarmos, primeira decepção: não tinha mais armário disponível pra guardar as coisas, e com isso não podíamos ir nos brinquedos juntos pois alguém tinha que ficar com as tralhas coisas. Não que a essa altura eu ainda quisesse ir em algum brinquedo, pois as filas eram monumentais! Papo de pelo menos 30 minutos em cada. Como era possível? De onde surgiram aquelas pessoas todas??? Deve ter ido um ônibus de excursão desovar todo mundo ali, só pode...

Enquanto o Thiago foi reconhecer o terreno, eu sentei na grama numa das poucas sombras que achei para esperá-lo. Como meu marido me conhece bem, e sabendo que quando ele voltasse eu já estaria irritada e querendo embora, ele malandramente ao invés de só dar uma volta pra reconhecer terreno acabou indo nos tobogãs e me deixou mais de 1 hora praguejando esperando. Claro que quando ele voltou eu já estava irritada por ter ficado 1 hora sentada sem celular (que acabou a bateria nos primeiros 30 minutos) e sem a mínima vontade de ir nos tobogãs, seja pelo desanimo de pegar mais 1 hora de fila, seja pela quantidade de gente com pereba que vi passar na minha frente enquanto eu estava paguejando. Nojo, nojo, nojo... haha

Tirando toda a minha chatice, vamos aos fatos:

1) De todos os Wet'n'Wild que eu já fui esse me pareceu o melhor (eu sei, difícil acreditar depois do relato acima, mas é que eu sou chata e reclamona exigente mesmo). A área é grande, mas não gigante, então vc não anda horrores lá dentro.

2) Tem um gramado razoável na sombra, além de uma piscina com areia e vários guarda-sol ao redor de uma das maiores piscinas.

3) Tem a clássica piscina de onda (aquela tradicional e outra que promete uma experiência de surfe, essa última paga a parte), a das crianças com vários brinquedos, tobogãs interessantes, e mais um brinquedo que parece um bungee jumping, o SkyCoaster. Esse último não estava funcionando quando fomos e parece que se paga a parte do preço do parque.

4) O ingresso por 1 dia custa $69.99, mas se comprar o de temporada (que vale entradas ilimitadas até abril de 2014) sai a $124.99, o que acho que sai bem em conta.

5) Como de praxe lá dentro tem várias lanchonetes, o estacionamento é grande, o parque é bem organizado e com certeza o problema que tivemos com a falta de armário não vai existir num dia normal. Se bem que se vc for um velho rabugento como eu, vai se incomodar com a gritaria das crianças, com o cheiro de fritura das lanchonetes, etc.

6) A título de curiosidade, o que chama a atenção num parque aquático australiano para qualquer brasileiro são os trajes. Primeiro que raríssimas vezes vc vê um homem de sunga, é sempre short. (eu sei, nem todo lugar do Brasil os homens usam sungas, mas no Rio atualmente é praticamente a maioria); as mulheres se estão de biquini são aqueles grandes, quase uma fralda atrás. Digo “se estão” pois vi muitas de maio, ou algo no meio termo, como uma que vi com a parte de baixo tipo um sunkini e a parte de cima fechada e com manga longa! Mas nem aquele traje de praia árabe (tipo o desse link), era de manga longa mas com a parte de cima curta, tipo um traje de 2 pecas mesmo, esquisitíssimo (coloquei uma foto abaixo); muitas pessoas, principalmente os árabes e asiáticos vão de roupa mesmo, e nem é roupa de lycra, é de algodão mesmo e claro fica tudo encharcado. Pra arrematar ainda colocam um chapeu de pano! Não consigo entender... Claro, há também as mulheres muçulmanas que vão de hijab (aquele traje todo preto que cobre o corpo todo e o cabelo, só deixando o rosto de fora). Aliás, há um tempo atrás eu até via burqas totais aqui ou acolá, mas já faz muito tempo que não vejo. Já o hijab preto ou ao menos um véu cobrindo o cabelo + blusa de manga comprida e saia longa é cotidiano e dependendo do bairro até maioria.

Peguei na internet fotos de alguns dos modelitos que vi (parecidos, claro, pois não tirei foto no dia):







As fotos do parque em si tem no website deles, junto com mais informações sobre preços e atrações.

Resumindo: se vc gosta de parque aquático, é uma boa pedida. Senão, e se for fresco como eu pelo menos vai ser um passeio antropológico. :)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Bracca e comunidade brasileira em Sydney

Como estou deixando alguns posts programados para as próximas semanas, já nao sei quando esse vai sair, então não dá pra dizer: “no ultimo fim de semana…”. rs

Melhor começar com: no último dia 15 fomos no jantar de Natal do Bracca. Pra quem não sabe o que é o Bracca explico: trata-se da Brazilian Community Council of Australia, cuja sede fica em Marrickville, um bairro de Sydney.

Eles são responsáveis por vários eventos brasileiros em Sydney, e no último dia 15 fizeram um jantar de Natal. Alguns amigos nossos se interessaram em ir também e acabamos fechando uma mesa de 8 lugares. Foi bem legal conhecer a sede do Bracca, a comida estava ótima e a música idem.



Fiquei até com vontade de participar mais da comunidade brasileira aqui, só me falta tempo (com trabalho + academia + afazeres de casa + curso + as centenas de horas de trabalho voluntário que tenho que cumprir pro curso, e ainda mais agora morando mais longe). Mas como eu sempre fui da teoria que falta de tempo é desculpa pra falta de interesse, já estou começando a correr atrás de algum trabalho voluntário com eles.

Uma coisa que sempre acreditei é que não se deve fazer com os outros o que não gostamos que façam com a gente. Uma coisa que foi crucial quando chegamos aqui foram as pessoas que nos ajudaram de alguma forma, os laços que formamos, e por isso procuro sempre retribuir, ajudar sempre que eu posso. Infelizmente muitas vezes não tenho a resposta pro que me perguntam por email, não conheço muito sobre áreas específicas e não sou agente de imigração. Também me irrita bastante os mal-agradecidos, os sem noção que acham que vc está ali pra servir, enfim, acho que todo mundo que tem blog reclama disso (aliás eu outro dia li um post ótimo sobre isso no blog do Renato, aqui) e esse não é um post de reclamação (quem sabe um dia eu faça um post só de mimimi... rs).

Morar em outro país é difícil, o começo é complicado e árduo, a saudade é uma constante que as vezes pesa demais e vc se pergunta se vale a pena continuar longe da família e dos amigos de longa data. Acho que morar fora é um eterno questionamento, uma eterna balança onde temos que ficar pesando se vale a pena ou não.

As vezes eu penso que não me envolvo mais com a comunidade brasileira porque muitas vezes o objetivo de vida é muito diferente, não me identifico com os estudantes que vem pra cá passar 1 ano e voltar, com o clima de oba-oba, com as atitudes erradas e falta de educação e civilidade que muitos trazem do Brasil. Também não me identifico com toda cultura brasileira, todo mundo sabe como é, o Brasil é grande demais e cada um tem suas preferências de “tribo”, preferências musicais. Eu, por exemplo, odeio música sertaneja (a não ser um cd antigo do Leandro e Leonardo que me traz boas lembranças das viagens de carro que eu e minha irma fazíamos com nosso pai... E que o Thiago odeia quando coloco pra tocar. haha), odeio pagode, odeio funk, axé, bossa nova me irrita, etc. haha Então nos festivais brasileiros confesso que preciso de uma boa dose de paciência pra aturar a maioria das músicas, o apelo sexual que sempre tem nas danças (aliás esse é outro ponto que sempre me irritou no Brasil, o machismo e o apelo sexual feminino. Mas isso é assunto pra outro post...).

Por outro lado, é a nossa cultura, sinto falta de ouvir português, do calor humano dos brasileiros, da simpatia. Por mais que vc more 5, 10, 20, 30 anos na Austrália ou qualquer outro pais fora do Brasil, o Brasil nunca sai da gente. Se um dia tivermos filhos aqui, com certeza farei questão de mantê-los ao máximo próximos da cultura brasileira, da música, dos livros, ensinar a língua, etc. E nesse ponto ter uma comunidade brasileira atuante aqui é muito importante, dá uma certa referencia, apoio.

Como esse post já ficou sem pé nem cabeça e nem era esse meu objetivo ao começar, segue a dica pra quem quiser saber mais informações: procurem o Bracca. Eles certamente vão poder indicar um advogado, um serviço, etc. E claro, contribua fazendo a sua parte, atuando na comunidade, retribuindo cada pequena ajuda que receber em dobro.

No fim acho que esse post vai sair bem no Natal, e com espírito natalino. :)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Show do Bon Jovi em Sydney

Sim, eu admito: amo o Bom Jovi (e já entrego logo, o Thiago também! rs). Ok, não conheço nada das músicas lançadas depois do ano 2000, mas ainda assim escuto as mais antigas sempre.

Uma inclusive era meu mantra nos primeiros meses difíceis que passei assim que chegamos na Austrália: Keep the faith. :)

Quando há muitos meses atrás descobrimos que eles fariam show aqui em Sydney, corremos pra comprar os ingressos. O show foi no último sábado, no ANZ Stadium que fica no Olympic Park.

Foi o primeiro show de grande porte que fomos aqui (já tínhamos ido no do Cake e Regina Specktor, mas eram em palcos menores), o público estimado era de 50.000 pessoas. Algumas coisas me surpreenderam:

1) Os organizadores estimulam que todos vão de trem/ônibus, pois o transito e o estacionamento ficam caóticos. Segundo o Thiago, o estacionamento vc só consegue vaga se reservar com antecedência, mas nem procuramos saber pois definitivamente não vale a pena o transtorno, acho que acaba demorando até mais ir de carro que de trem.

2) Para ir pro show não precisa pagar transporte, todo o deslocamento até lá é incluído no preço do ingresso, vc só precisa apresentar o ingresso na estação de trem. Se bem que isso nem foi necessário, pois na estação do nosso bairro não tem catraca e na do Olympic Park todas as catracas estavam abertas para facilitar a entrada e saída da multidão.

3) Eles disponibilizam trens extras para o evento, saía uma linha expressa a cada 5 a 10 minutos da estação Central, e só tinha uma parada antes do Olympic Park.

4) O estádio é super organizado, limpo, e como ficamos na arquibancada equivalente ao quarto andar tinha até escada rolante pra chegar lá! E acho que era o andar onde tinha área VIP também, pois o chão dos corredores era todo de carpete (ainda acho bizarro isso de carpete em todo lugar...rs).

5) Claro que chegamos lá e o Thiago já estava morrendo de fome (claro!). Fomos numa das muitas barraquinhas de comida/bebida, já pensando que ia ser uma extorsão (como ocorre nos grandes eventos no Brasil), mas não, foi super razoável: $15 por um cachorro quente + batata média + refri de 600ml. E ainda era no esquema vc pega e paga mais a frente. Não consigo imaginar isso num evento de massa no Brasil...rs

6) Na volta, como era de se esperar, foi um pouco mais tumultuado por conta da multidão saindo ao mesmo tempo pra pegar trem. Mas mesmo assim todo mundo andava devagar, esperava pacientemente na fila pra embarcar no trem, sem tumulto ou confusão. Aliás, o Thiago mesmo comentou que vimos pouquíssimos policiais ao redor do estádio, tanto na entrada quanto na saída. E os que víamos estavam mexendo no celular, conversando... É, acho que eles não devem ter tido muito trabalho mesmo. :)

7) Curioso que quando estávamos chegando vi uma mulher grávida de uns 7 meses e pensei: nossa, eu nunca iria pra um show grande desses com esse barrigão. Depois na volta já pensava diferente, de tão tranqüilo que foi.

7) Como manda o padrão australiano, o show estava marcado pra começar as 8 horas e as 7:45 avisaram no telão que começaria em 15 minutos. E começou mesmo!

Pagamos uns $100 pelo ingresso, e valeu a pena cada centavo! Como vcs podem ver por algumas fotos que coloco abaixo, o show de luzes foi sensacional, o melhor que eu já vi! E o som do estádio estava o máximo, não me lembro de outro show que eu tenha ido que o som tenha me agradado tanto.














Próxima empreitada: Dave Matthews Band em abril. :)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sendo multado na Austrália

No último fim de semana levamos nossa primeira multa. Explico: estávamos indo pra uma festa, eram 6 da tarde, e passamos pra pegar um casal de amigos. Eles entraram no carro e menos de 100 metros depois um policial nos parou.

Aqui um detalhe para a primeira diferença entre Brasil e Austrália: nem sempre quando vc for parado será pelas tradicionais blitz que conhecemos no Brasil. Aqui existem basicamente 4 tipos de situação:

1) A blitz tradicional, onde um mais carro de polícia montam uma blitz numa das pistas da rua e vários policiais param vários motoristas aleatoriamente, principalmente pra teste do bafômetro.

2) Um único policial, num único carro, monta uma blitz e para um carro por vez. Esse foi o nosso caso.

3) Um carro de polícia vê vc cometendo uma infração, ou suspeita de algo, e pede pra vc encostar e mostrar carteira, fazer teste do bafômetro, aplicar multa, o que couber.

4) Um carro a paisana faz o mesmo procedimento do item 3 acima, já que aqui muitas vezes a polícia está em casos a paisana para detectar infrações “when you least expect it”. rs

Imagino os itens 2 a 4 no Brasil, todo mundo ia pensar que é falsa blitz, assalto, etc. Triste...

Voltando a história, fomos parados e o policial pediu a carteira do Thiago, perguntou se ele tinha bebido e disse que iria fazer o teste do bafômetro. Aqui outra diferença: ao invés de assoprar no bafômetro, vc só tem que contar até 10, ou dizer seu nome completo, perto do aparelho. Não sei como ele consegue captar assim, mas enfim. Claro que deu negativo, no que o policial diz que vai nos aplicar uma multa porque um dos passageiros no banco de trás estava sem o cinto de segurança (o que nem tínhamos reparado...). E que a multa custava $400! Ele ainda perguntou se o Thiago achava justo. Como assim justo? Estávamos errados, fazer o que… O policial ainda ficou repetindo o sermão de que o motorista é responsável por todos os passageiros do veículo e tal.

Tudo bem que eu achei que o policial foi bem grosso, e podia ter dado só uma advertência verbal, como muitos aqui fazem quando a infração não é grave. Mas a lei existe pra ser cumprida, e estávamos errados, então fazer o que. Ainda estamos na dúvida se ele realmente aplicou a multa, pois pesquisando depois descobri que a multa de aplica também ao passageiro e no caso ele não pediu nenhuma identificação do passageiro do banco de trás. Vamos ver se a multa chega nas próximas semanas...

De todo modo, lição mais do que aprendida: não andamos mais nem 1 metro sem nos certificar que todos os passageiros estão com o cinto afivelados.

Ah, e apesar do policial ter falado que a multa era de $400, depois fui pesquisar e é na verdade de $298 pra cada passageiro sem cinto + 3 pontos na carteira. Isso para o motorista, e mais $298 para o passageiro que não colocou o cinto. Veja na tabelinha do RTA (que agora se chama RMS – Roads and Maritime Services) que se todos os 5 passageiros estiverem sem cinto a multa chega a $1,556! E 9 pontos na carteira, sendo que os pontos são dobrados em fins de semana prolongados em virtude de feriado.

Um dia falo sobre a lei relacionada a bebida alcoólica, que não é tolerância zero como no Brasil, mas é bem rigorosa nas punições, envolvendo até um processo no tribunal.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sistema de saúde e "socialismo"

Seguindo a dica do Paulo no último post, eu fui assistir Sicko – documentário do Michael Moore sobre o sistema de saúde nos EUA.

(detalhe que precisou eu assistir mais da metade do filme pra me dar conta que já o tinha visto, anos atrás. Bem que eu estava achando que eram muitos deja vu nas cenas, mas estupidamente só tive a certeza quando já estava na reta final do filme. Realmente minha memória anda ótima! #sóquenão)

Acho que é de conhecimento geral o quanto o sistema de saúde americano é um dos piores do mundo (senão o pior). Ainda assim não deixa de ser chocante. Mas o que me chamou a atenção e me fez escrever esse post foi a correlação com o sistema de saúde da Austrália e com o brasileiro.

Ainda que o sistema australiano não seja mostrado no filme, ele me parece ser bem semelhante ao francês e canadense mostrados: um sistema público e universal.

Mas aí vc pensa: peraí, mas o sistema brasileiro (o SUS) também é gratuito e universal. Isso só na teoria, claro, pois na prática o sistema brasileiro se parece muito com o americano para a população em geral: um sistema falido e elitista. Com o agravante de que no Brasil tem de quebra o “jeitinho brasileiro” pra furar fila de cirurgias no SUS, conseguir leito em hospitais lotados, etc.

Um outro ponto que achei interessante é o foco na prevenção que países como França, Canadá, Cuba e a Austrália fazem. O acompanhamento básico é feito com o GP (general practice, em alguns países chamado de médico de família), e encaminhamento a um especialista só em caso de extrema necessidade. Não são pedidos exames complexos para qualquer coisinha, como no Brasil. Os profissionais médicos de apoio (como enfermeiros) tem participação essencial e muitas vezes fazem a triagem a acompanhamento básico, sem nem passar pelo médico (o que no Brasil, infelizmente, é vetado fortemente pelo lobby do CFM).

Como eu já mencionei, os hospitais na Austrália são todos públicos, e vc será atendido da mesma forma independente de ser rico ou pobre, ter plano de saúde privado ou não. Claro que existem problemas, pessoas reclamam, mas é como uma senhora canadense comenta no filme: “todo mundo reclama de tudo”, porém o fato é que o sistema como um todo funciona.

Me chamou muita atenção também a parte em que o Michael Moore questiona a cultura do “eu”. Explico: a mentalidade que predomina nos EUA (e no Brasil) é o foco no indivíduo ao invés da sociedade. Daí a enorme aversão a programas sociais, que é o que eu mais leio em posts de amigos/conhecidos no facebook e comentários de brasileiros em geral – um tal de xingar/criticar duramente o bolsa família e qualquer tipo de auxílio social, sendo que eles existem em qualquer país desenvolvido do mundo! E são até bem maiores em países de primeiro mundo! (eu ia ficar horas escrevendo se fosse listar a quantidade de benefício social que existe na Austrália...) Outro dia li um texto excelente sobre isso nesse blog (aliás, o título do post é fenomenal: “Não penso, logo relincho”), que retrata tudo que eu penso e mais um pouco que eu não fui capaz de elaborar tão brilhantemente. :)

As pessoas tem uma dificuldade enorme em entender que welfare (bem-estar social) é bem diferente de socialismo. O Michael Moore trava um interessante diálogo com um canadense sobre isso. O canadense estava contando que quando esteve nos EUA teve um acidente de golfe e preferiu voltar ao Canadá pra se tratar, pois nos EUA o tratamento custaria $24,000 e no Canadá saiu de graça pelo sistema público de saúde. Transcrevo o resto da conversa literalmente:

MM – So if you'd stayed in the United States, this would have cost you $ 24,000? Instead, you went back to Canada, and Canada paid your total expenses?

Canadian: – Everything.

MM: – Paid for the operation. It cost you?

Canadian: – Nothing.

(...)

MM: – I'm wondering why you expect your fellow Canadians, who don’t have your problem, why should they, through their tax dollars, have to pay for a problem you have?


Canadian: – Because we would do the same for them. It's just the way it's always been and it’s the way we hope it'll always be.


MM: – Right, but if you just had to pay for your problem, and don't pay for everybody else's
problem, just take care of yourself?


Canadian: Well, there are a lot of people who aren't in a position to be able to do that. And somebody has to look after them.


MM: – Are you a member of the Socialist Party?


Canadian: – No. No.

MM: – Green Party?


Canadian: – No. Well, actually, I'm a member of the Conservative Party. Is that bad?


MM: – Well, it's just a little confusing.

Canadian: – Well... It shouldn't be. I think that... Where medical matters are concerned, it wouldn't matter in Canada what party you were affiliated with, if any
.”



Claro que existe também o outro lado, dos brasileiros se indignarem pelo fato de não verem o tamanho de impostos que pagam sendo revertidos em benefícios sociais para todas as classes sociais, em infraestrutura básica, etc. E eu entendo isso! Só que acho que não adianta tentar mudar as coisas sem primeiro entender a lição básica dos países realmente desenvolvidos: a colocação em prática dos conceitos de comunidade, civilidade e bem-estar social, como praticam o Canadá, muitos países da Europa, e a Austrália. É o que o Michael Moore resume magistralmente no final do filme com a seguinte frase:

“They live in a world of we, not me. We will never fix anything until we get that one basic thing right.”

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ir ao médico na Austrália

Já falei disso no blog algumas vezes (aqui, aqui e aqui), mas parece que mesmo pra mim o assunto nunca se esgota. Estou há quase 2 anos aqui e ainda tento me acostumar com o sistema diferente, ainda peno quando tenho que explicar sintomas, ir a um especialista, fazer algum tratamento.

Hoje mesmo estava pensando em ir no médico ver umas manchinhas de sol no rosto que tem aumentado e me incomodado, mas só de lembrar da saga de ir no GP, pedir encaminhamento pra um dermatologista, pagar pela consulta do especialista (e mesmo parte da do GP, uma vez que muitos não são bulk billed, ou seja, cobertos integralmente pelo Medicare), aprender como falar o que me incomoda em ingles, pagar pelo tratamento, ufa! Já me cansa (e doi no bolso) só pensar!

(antes que alguém pergunte, não, as manchas não são perigosas. Já tinha investigado uma – a precursora maldita – ano passado e o meu GP disse que eram “freckles” (sardas), que pioram com o sol. A injustiça é que eu me previno demais da conta, passo protetor solar fator 30 todos os dias, evito ficar exposta ao sol, quando vou a um parque/praia estou sempre de chapéu (tenho uma coleção, virou minha nova mania...rs). E ainda assim essas desgraças aparecem! Maldito sol da Austrália! rs)

Por isso hoje quando esbarrei com esse post achei ele super útil. Fica a dica pra quem quiser um mini dicionário de sintomas e partes do corpo em inglês. :)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Então é Natal

Mais um Natal se aproxima, nosso segundo na terra do canguru!

Hoje foi dia de montar a árvore, primeiro a do meu escritório, que como é pequeno acabou metade do escritório vindo ajudar a montar, fazer piada, foi bem divertido. O curioso é que faz quase 1 ano que entrei lá (comecei dia 10 de dezembro do ano passado) e parece que foi ontem. Me lembro que assim que entrei foram montar a árvore e eu também participei. Mas naquela época estava tímida ainda, não conhecia ninguém, ficava insegura com meu inglês. Hoje, 1 ano depois, eu parecia outra pessoa, até piada contei! Em inglês! rs

Depois foi a vez de montar a árvore aqui de casa, no nosso novo apê, que tanto amamos. Foi ótimo!

Detalhe que lá no escritório sobrou pra mim a incumbência de organizar a festa de final de ano. Claro que comecei a ver isso meses atrás, em julho acho, pois o restaurante tem que ser reservado com antecedência. O que parecia tão distante há uns meses, agora está bem próximo, a festa será na próxima sexta. Como meu escritório é pequeno, tem só 13 pessoas, faremos o tradicional jantar num restaurante ótimo que tem no Circular Quay chamado "Cafe Sydney". Seguem algumas fotos:



Essa semana eu estava fechando os últimos detalhes: revisando o menu (será um menu fechado, com 3 pratos - entrada, prato principal e sobremesa - e pra cada prato as pessoas poderão escolher entre 5 opcões), escolhendo os vinhos e champagne (claro que essa parte coube a um dos sócios, até porque eu não entendo nada de vinho, muito menos vinho que custa $100 a garrafa... rs), concluindo o rsvp, escolhendo o seafood platter (tipo um grande prato pra ser dividido pela mesa toda como pré-entrada, e que contém camarão, ostra, lagostin, e alguns outros que eu desconheço até em português como se chama pois não sou chegada a frutos do mar).


Talvez por ser pequeno o office, os companheiros/maridos/esposas/namorados são convidados. Ano passado o Thiago não foi, mas esse ano vai conhecer o pessoal. Com um pequeno detalhe: no mesmo dia é a festa da empresa dele, que será um almoço numa churrascaria brasileira. Como ele vai aguentar jantar um "3 course meal" as 6 da tarde eu não sei, mas o fato é que o sr. pancinha está adorando a ideia. rs


* * * *


Eis que outro dia uma australiana que trabalha comigo me pergunta: vc está organizando a festa de fim de ano, mas e o "Kris Kringle"? Ah? Cuma? Primeiro que ela tem um sotaque super carregado (acho que é do interior) e eu seque entendi o que ela disse em inglês. Depois fiquei alguns segundos pensando no que poderia ser. Deduzi que fosse o amigo oculto, e era. Ué, mas amigo oculto não é "secret santa" em inglês? Pois é, muita gente chama de "secret santa", mas aparentemente tambêm se usa "Kris Kringle" (e viva o wikipedia!).


* * * *


No mais o Natal é bem parecido com o do Brasil, em pleno verão (que aliás ainda não deu as caras esse ano, hoje mesmo estava fazendo 14 graus pela manhã), decoração em vários lugares, ceia, etc. Algumas diferenças:

- O feriado aqui é no dia 25 só, e no dia 26 por ser "boxing day", quando ocorre uma grande liquidação no comércio;

- Na ceia de Natal é muito comum ter frutos do mar ao invés de peru ou carne de porco. Tanto que o mercado de peixes de Sydney fica aberto 36 horas seguidas entre 23 e 24 de Dezembro.


* * * *

Pra encerrar, algumas decorações em Sydney dessa época do ano:




terça-feira, 12 de novembro de 2013

Vôos para a Austrália

Acabei de ler um comunicado da Aerolineas Argentinas de que ela vai parar de operar vôos para a Austrália em abril de 2014. Não que eu alguma vez tenha me arriscado a voar de Aerolineas, cuja qualidade deixa muitíssimo a desejar, mas era uma opção bem barata para viajar pra Austrália (minha sogra, p.ex., vira nesse Natal pela Aerolineas pois o preço das demais estava impraticável). Além de que era uma forma de puxar o preço da concorrência (Qantas e Lan, principalmente) para baixo.

Meu receio é que agora fique ainda mais caras as passagens... Eu que queria tanto ir pro Brasil na Copa, já tô perdendo as esperanças, pois me recuso a pagar $3.000 dólares pela passagem nesse período (tenho uma amiga que pagou $3.500, mas eu já vi uma promoção a $2.800). Já estou me conformando em ir depois da Copa, mas mesmo assim tenho dúvidas se conseguirei o mesmo bom preço do ano passado ($1.400).

Não tem nenhum cientista pesquisando a opção de teletransporte não? Tipo Jornada nas Estrelas? haha

Pra quem interessar possa, eu sempre vejo notícias de passagem barata (como a que comprei ano passado) pela página dessa agencia chilena no facebook: https://www.facebook.com/#!/pages/South-America-Travel/154664724566010. Nao cheguei a comprar passagem com eles, mas tem umas promoções interessantes como a mais recente que inclui um pacote de estadia em Buenos Aires:

Buenos Aires City Package 5Days from SYD $1799* MEL $1962* BNE $1966* PER $2386 per person twin share
INCLUDES International flights Ex–Sydney, 4 nights 3-star hotel in downtown Buenos Aires, all transfers, tango show & dinner at Carlos Gardel.
TRAVEL DATES 16 Feb – 31 May & 13 Jul – 14 Nov 14
"


Segue abaixo o comunicado da Aerolineas Argentinas:

Dear Clients,

Aerolineas Argentinas regrets to inform that effective 02nd of April 2014 Aerolineas Argentinas will be terminating the Australian Operations and no longer will be operating flights in/out of Sydney.

Aerolineas Argentinas will offer the following options for passengers holding Aerolineas Argentinas ticket:

1. Passengers holding tickets to / from Australia who have commenced travel before 28FEB14 even with returns after 02APR14:
Aerolineas Argentina will offer ticketed passengers three alternatives:
1) Total Refund for unused coupons, without penalty.
2) Return journeys on Aerolineas Argentinas before 02APR14
3) Involuntary Rerouting (without charging penalty or fare difference) to or from Australia with the following routing and Airlines only:

- Delta (DL) via LAX
- Emirates (EK) via Dubai
- Korean (KE) via Soul & LAX
- United (UA) via LAX
- ETIHAD (EY) via Abu Dhabi

2. Passengers with tickets to / from Australia with a departure date FROM 01MAR14 with returns after 02APR14

Aerolineas Argentinas will offer two alternatives:
1) Full refund of the ticket paid without charging any fees.
2) Passengers return journey on Aerolineas Argentinas must be prior to April 2, 2014
.”

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ser advogado na Austrália (parte III)

Pequeno update nas informações sobre validação do diploma de advogado na Austrália: conversando com uma brasileira advogada (que está fazendo o curso para se tornar agente de imigração, o que em si não tem nada a ver com a validação do diploma de direito), ela me disse que conheceu uma outra brasileira que está fazendo o processo de validação.

Essa brasileira advogada já submeteu o histórico da faculdade para a LAB (Legal Admission Board – mais informações nesse post aqui) e começou a estudar as matérias exigidas (umas 11 ou 12 se não me engano). Diferente do que eu pensava, as matérias para estudar não custam uma fortuna, é algo em torno de $600. Como só é permitido cursar 2 por semestre (e muito dificilmente vc consegue fazer mais do que isso mesmo que quisesse, pois é bem puxado e se for trabalhar fora concomitantemente, é praticamente impossível), fica em torno de $2.400 por ano, o que é um valor bem módico, muito menos do que eu pensava.

Essa mesma fonte também me disse que uma vez que vc começa a estudar essas matérias para validar o diploma, fica bem mais fácil conseguir um emprego na área, como paralegal ou legal assistant, pois vc faz muitos contatos na faculdade.

Me bateu até um pequeno arrependimento de não estar trilhando esse caminho, ainda mais quando começou a trabalhar aqui no meu escritório uma advogada italiana, que fez um MBA em Nova Iorque e trabalha aqui como advogada mesmo sem validar o diploma na Austrália, já que ela só atua como advogada estrangeira.

Mas no fundo sei que tomar esse rumo seria só pelo retorno financeiro, o mesmo que fiz no Brasil e nunca tive coragem de largar. Agora é minha chance de recomeçar e fazer o que realmente gosto. O duro é ter motivação concluir meus novos estudos e recomeçar do zero...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Civilidade

Nas minhas leituras do curso de community services, uma coisa sempre me chama a atenção: o foco na igualdade e acessibilidade dos serviços a todos, independente de gênero, raça, condição social, religião, etc. Além do enorme senso de civilidade e bem estar social.

Isso é uma coisa que sempre me chamou atenção na Austrália. Não é que não haja preconceito, exclusão, serviços públicos de baixa qualidade, etc, mas esse não é a orientação do governo, e nem publicamente tolerado. A regra geral é a tolerância, a civilidade, o bem estar social se sobrepondo ao individual.

Existem vários centros comunitários nos bairros, as informações sobre eles, sobre serviços disponíveis a um determinado grupo e, conquentemente o acesso de uma forma geral, são publicamente divulgados.

Esse senso de comunidade, que tanto falta no Brasil, aqui se vê em pequenas coisas. Seguem alguns exemplos:

- Ao pegar o trem pra casa, salto na estação de Sutherland, que é uma das mais movimentadas na região sul de Sydney. Em frente a estação tem uma rua pela qual todos os passageiros tem que atravessar. Pois bem, nessa rua não tem sinal de transito, mas sim a placa abaixo, que significa que quando o pedestre se aproxima da faixa os carros tem que obrigatoriamente parar e ceder a vez. Agora imagina isso no horário de pico, onde o movimento de entra e sai da estação é enorme. Resultado: as 6 da tarde forma-se diariamente uma fila quilométrica de carros, que não demoram séculos transpor essa faixa de pedestres e mesmo assim esperam pacientemente. Não se ouve buzina, motorista xingando pedestre, burlando a faixa, nada! Uma paz e civilidade que causam espanto a qualquer brasileiro.

- Ainda no trem, aqui existe uma regra não dita: se vc for embarcar no trem, não pode fazê-lo antes que todos os outros passageiros desembarquem. Agora imagina isso na hora de pico, em que tem as vezes dezenas de pessoas pra desembarcar/embarcar no mesmo vagão. Pensa que dá confusão? Empurra-empurra, briga, gritaria, gente caindo no vão entre o trem e a plataforma (e muitos outros percalços de quem anda de trem/metro em qualquer grande cidade brasileira)? Claro que não! Nem uma única vez vi um acidente no trem causado por empurra-empurra, tampouco me preocupo de estar no meio do vagão e minha estação se aproximando, pois tenho certeza que sempre vou conseguir desembarcar com calma, não importa quão cheio o trem esteja. E isso não significa atraso no trem, muito pelo contrário, acho até que fica mais rápido com toda essa civilidade.

- Tenho recebido recentemente várias cartas-comunicado do governo sobre obras de melhoria que estão sendo feitas no meu bairro. Há algumas semanas foi um comunicado de que a estação de trem estaria passando por obras e ia gerar algum transtorno, como trens substituídos por ônibus no fim de semana. A outra ontem mesmo informando sobre uma obra que seria feita de madrugada para troca do asfalto de uma rua próxima. Em todas as cartas havia uma explicação detalhada do que seria feito, um canal (telefone, email) para reclamações/sugestões e um pedido de desculpas pelo eventual inconveniente.

Eu que sempre fui uma pessoa mega irritada e impaciente, aqui tenho aprendido a exercitar a calma nas pequenas coisas do dia a dia, andando mais devagar, esperando pacientemente na fila, etc. Não que eu não fosse educada no Brasil, muito pelo contrario, sempre me revoltei com a falta de civilidade do brasileiro, mas confesso que no Brasil vivia estressada no dia a dia e irritada com tudo e todos ao meu redor. Aqui sinto muito mais calma e tranqüilidade, o que melhora consideravelmente a qualidade de vida.

Não estou dizendo com isso que a Austrália seja o paraíso, que não hajam problemas, pois sim existem – hoje mesmo estava uma discussão aqui no trabalho sobre a péssima qualidade dos hospitais (se bem que péssima pra eles é paraíso pra nós brasileiros...rs), a falta de empatia de muitos enfermeiros e médicos, as longas esperas por atendimento. A grande diferença é que aqui padecem disso todos igualmente, do pobre ao rico, pois o sistema de saúde é público e igual pra todos.

Também não digo que não existe preconceito, racismo, mas quando há é normalmente velado e indireto, pois não é moral e socialmente aceito discriminar o imigrante. Estou há um tempo pra escrever um post sobre racismo, preconceito ao imigrante, mas fico sempre adiando pois não sinto que tenho material suficiente pra isso, em parte porque nunca me senti discriminada... Quem sabe um dia. :)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Melbourne Cup

E ontem, como ocorre anualmente, as 3 da tarde de plena terça-feira, a Austrália parou pra assistir a Melbourne Cup.

Pra quem não sabe, trata-se de uma corrida de cavalos que ocorre em Melbourne toda primeira terça-feira de novembro – o que esse ano coincidiu com o meu aniversário. :-O

Segundo o Wikipédia, a primeira corrida ocorreu em 1861 e tinha 3.218 metros, o que foi encurtado em 1972 para os atuais 3.200 metros (exatamente 2 milhas). O prêmio em dinheiro para a corrida de 2011 foi $6.175.000 mais troféus avaliados em $125.000! Os prêmios são distribuídos para os 10 primeiros lugares, sendo que o primeiro lugar ganha o prêmio maior de algo em torno de 3 milhões e meio. Para cada cavalo, o prêmio é distribuído na proporção de 85% para o dono do cavalo, 10% para o treinador e 5% para o jockey (coitado do cavalo que não ganha nada! haha).

Ainda não consigo entender o motivo dessa corrida ser tão popular e literalmente parar o pais. Em alguns lugares (como Melbourne e outras cidades de Victoria) é decretado feriado, no restante das cidades, muitas vezes as empresas pagam festas privadas pros funcionários, ou liberam mais cedo na hora do almoço, ou pelo menos compram alguns quitutes e todos param pra assistir a corrida. No meu escritório, rolou queijos e vinhos e pausa de uns 30 minutos pra acompanhar a corrida em um telão.

Acho que essa popularidade toda tem a ver com o fato dos australianos simplesmente serem doidos por apostas, de todos os tipos. O Slompo contou essa história num ótimo post com fotos das inúmeras salas de caça-níqueis espalhadas pela cidade.

Como era de se esperar, junto com a corrida é feito um bolão de apostas em tudo quanto é lugar, inclusive dentro das empresas. Esse bolão de apostas é chamado de “sweep pools” e cada um compra um tíquete (ou mais) representando um cavalo. Os tíquetes são distribuídos aleatoriamente, por sorteio, e custam o mesmo valor (geralmente entre $1 e $5), então as habilidades pessoais de cada um com as corridas de cavalo não contam. Quando termina a corrida, os prêmios são distribuídos da seguinte forma:

- quem detém o tíquete do cavalo vencedor ganha metade do valor total do bolão, sendo o restante dividido escaladamente entre o detentor do tíquete correspondente ao segundo e terceiro lugar.

- as vezes há mais de um bolão concomitante, no meu escritório por exemplo eram 3, um com tíquetes a $1, outro a $3 e o terceiro a $5. Como são só 10 pessoas no escritório, claro que não cobria todos os cavalos competindo, então um dos sócios comprou todos os tíquetes sobrando. Com isso as chances dele são sempre bem maiores, claro, mas esse ano ele saiu no prejuízo, desembolsou $80 e só ganhou $20.

- há um premio de consolação para o detentor do número do cavalo que chegou em último lugar. Essa pessoa recebe o valor que pagou pelo seu bilhete de volta.

Uma curiosidade: esses bolões são tão populares nos escritórios (os chamados “Office sweeps") que os jornais australianos como o Sydney Morning Herald disponibilizam para impressão instruções e modelos para o bolão.

Esse ano eu participei do bolão, e fui praticamente a única do escritório que não ganhou nem um mísero dólar. Vai ter sorte assim na China! rs

Uma das marcas registradas da Melbourne Cup é o desfile de chapéus que as mulheres exibem. Com vcs, as fotos:












O cavalo vencedor:



A dona do cavalo vencedor:

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Fail...

Estou sumida, eu sei. É que esse mês de outubro foi meio conturbado, muitas coisas acontecendo e pra piorar o meu trabalho que sempre foi molezinha resolveu ficar movimentado. Acho que trabalhei nas últimas semanas tudo que não trabalhei o ano todo... rs

Ainda não estou de volta totalmente, ainda tenho que me organizar novamente, mas não podia ficar sem vir contar aqui o mico que eu e Thiago pagamos hoje. Ainda bem que foi mico interno só entre a gente...rs Sabe aqueles dias em que parece que vc desaprende o inglês? Pois é, hoje foi um desses dias...

O primeiro foi comigo, estou eu no trabalho tentando resolver uma pendência do meu chefe com a Delta Airlines. Ligo pra Delta e eles me instruem a mandar um email com o problema. Ok, qual o email? No que o cara soletra: "double-u", "double-u", res@delta.com. E eu anoto: uuuures@delta.com. Confirmei 3 vezes se tinha anotado certo, pois achei estranho o endereço do email, e o cara ainda repete "double-u as in uisque". E eu, pensando, ah, sim, então entendi certo. Mando o email e ele volta. Pensei: esse cara maldito me passou o email errado. Ligo pra Delta de novo, mais 10 minutos de espera, e a mulher soletra o mesmo endereço. Nesse meio tempo meus neurônios resolvem funcionar e eu me dou conta que "double-u" não é 2 u e sim a letra "w". uéuéué...

O segundo foi cortesia do Thiago. Estamos fazendo comida e a fumaça do forno aciona o alarme de incêndio da casa. Aqui cabe um adendo: os detectores de fumaça existem em todo apto por lei, normalmente fica no teto entre a cozinha e o quarto. Há inspeção anual (ou semestral, não me lembro mais) feita pelo governo em todos os prédios e aptos e eles testam se o detector de fumaça está funcionando e se a porta de entrada do apto está funcionando como deve (todas as portas fecham sozinhas, funcionando como um corta-fogo). Se não estiver em conformidade com a lei, o proprietário e/ou inquilino são multados. Da mesma forma, se o detector de fumaça apita por conta de fumaça da comida, p.ex., e vc deixa ele apitando muito tempo, o Corpo de Bombeiros é acionado e se eles vão até o apto desnecessariamente, novamente é caso de multa.

Pois bem, sempre que apita nosso detector de fumaça ficamos tensos abrindo todas as janelas, abanando a fumaça, etc. Vcs podem pensar: não é muito mais fácil desligar ele? Seria se tivéssemos uma escada em casa e conseguissemos alcançá-lo tão facilmente... rs

Voltando a história: hoje apitou o maldito e o Thiago pegou uma cadeira pra tentar alcançá-lo, e nessa pressa apertou um botão no alarme e ele imediatamente parou (apesar de ainda continuar dando umas estrebuchadas esporádicas). Aí começa o tragicômico diálogo entre nós:

Ele: - Denise, tô tenso, apertei esse botão onde se lê "rush", será que isso significa que é pros bombeiros virem correndo? Ferrou...
Eu: - Ah, sei lá Thiago, não sei porque vc cismou de ficar apertando os botões desse troço, muito mais fácil abrir as janelas pra furmaça se dissipar...
Ele: - Sério, tô tenso, não consigo desapertar o botão, acho que eu mandei um aviso pros bombeiros virem correndo!
Eu: - Agora se vira, vc que fez a burrice...
Ele (já nervoso): - Me ajuda, entra na internet, vê se esse botão é isso mesmo, não sei como desligar.
Eu: Ai, diabo, tira a bateria dessa porcaria, mais fácil, não?
Ele: Não consigo remover a bateria, que inferno...

Nisso me dá um surto de sanidade e resolvo pegar meu óculos pra tentar ler o que está escrito no alarme. Advinhem? Não era "rush" (verbo que significa apressar em português), mas "HUSH" (silenciar). Ah, Thiago... uéuéué...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Conseguir crédito na Austrália

Outro dia eu li num blog de um brasileiro que vive nos EUA a dificuldade que é por lá conseguir crédito na praça (pra comprar parcelado, pegar empréstimo, etc). Quando eu li pensei: “nossa, que dificuldade, ainda bem que na Austrália não é assim”. Ledo engano...

Não sei de onde que eu tirei que não era assim, acho que porque nunca tinha ouvido falar desse “credit score” por aqui. Verdade seja dita, já tinham me falado da dificuldade de conseguir crédito na Austrália, mas achei que era exagero (se vc ler esse post, Ricardo, já peço desculpas por ter duvidado de vc... rs E reconheço que vc tinha a mais absoluta razão!).

Mas chega de enrolação e vamos aos fatos que me levaram a essa triste descoberta.

Como já contei aqui, decidi voltar a estudar e fazer um curso de Community Services. Fiz as unidades que me mandaram estudar como pré-requisito para entrar no curso (já que não tinha o backgraound na área e esse curso é a nível de Diploma, portanto mais avançado), que me tomaram quase 3 meses e muitas horas para completar as 3 avaliações online (já tinha esquecido o trabalhoso que é fazer trabalho acadêmico, pesquisar bibliografia, etc, e some-se a isso a dificuldade de escrever páginas e mais páginas de argumentação em inglês). No final correu tudo bem, passei com ótimas avaliações e tudo caminhava pra minha inscrição no curso de diploma.

Primeiro mito que já desmistifico aqui: residente permanente não tem direito ao crédito estudantil concedido pelo governo australiano. Esse crédito concedido pelo governo chama-se “VET FEE-HELP” e é uma mão na roda para financiar os estudos, vc só paga quando estiver trabalhando e ganhando um valor mínimo x de salário, e mesmo assim as parcelas são bem suaves. Eu até achava que residentes tinham direito a isso, já que temos quase todos os mesmos direitos de um cidadão australiano. Mas não, só os vistos de residência concedidos a refugiados dão direito a esse crédito estudantil.

Mesmo sem ter direito a isso, a moça do curso me garantiu que eu poderia pagar parcelado em 12 vezes. Até achei estranho, pois aqui não existe essa coisa de pagamento parcelado pra tudo como no Brasil, mas enfim, acreditei nela. Quando chegou a hora do “vamos ver” é que fui descobrir que esse parcelamento quem faz não é o curso, mas uma empresa financeira terceirizada, como se fosse um empréstimo mesmo. Mas como era sem juros e só tinha que pagar uma taxa de $60 + $2.90 por mês, achei que valia a pena. O próprio curso aplicou pra mim, após um questionário de dez minutos no telefone em que eles perguntam absolutamente TUDO sobre sua vida: dados do apto onde vive, há quanto tempo, quanto paga de aluguel, se tem bem (casa própria, carro), se tem conta poupança, quanto tem na conta, se tem cartão de crédito, se é casado - quanto o companheiro/marido ganha de salário, qual a estimativa de gastos mensais com casa/comida/entretenimento, etc. Igualzinho tive que responder quando pedi cartão de crédito no banco, um saco (e que diferença pro Brasil!).

No final ela disse que iria submeter pra tal financeira e eu receberia a resposta em algumas horas. Eu estava crente que ia ser aprovada sem sombra de dúvida, pois não tenho dívida, tenho carro próprio, meu salário e do Thiago é mais do que suficiente pra cobrir nossos gastos, etc. Eis que 1 hora depois recebo um email dizendo que o financiamento foi negado! Oi? Por que? Tem que ligar pra financeira. Liguei já p. da vida e questionando porque diabos eles negaram uma pessoa tão idônea quanto eu. haha Resposta: senhora, reconhecemos que sua renda mensal é mais do que suficiente pra cobrir o empréstimo, mas seu pedido foi negado porque vc não tem “credit history”. Oi?? Explica melhor isso. Resposta: a senhora não tem histórico de créditos anteriores (além do cartão do banco), como empréstimos pessoais, pro carro, etc. Péra, deixa eu ver se entendi. Meu pedido de crédito foi negado porque eu não tenho dívida, sempre paguei tudo a vista sem precisar pedir dinheiro pro banco/financeira, é isso? Sim, basicamente é isso.

Minha vontade era matar o cidadão no telefone! Ainda esperneei mais um pouco (e haja inglês pra tudo isso... Em tempo: parcelamento se diz “installments” em inglês), mas não teve jeito.

Tive que partir pra um pedido de empréstimo no meu banco, a uma ridícula taxa de juros de 15% ao ano, pra poder criar meu crédito na praça. Quer dizer, isso se o banco também não negar meu pedido pelo mesmo motivo... Ainda estou na espera.

Resumo da história: se vc é certinho como eu, não faz dívida, nunca entrou no cheque especial, sequer compra no cartão de crédito, paga tudo a vista (o velho ditado: se tenho dinheiro compro, se não tenho não compro), no final, seja no Brasil seja na Austrália, só se f... haha

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ser advogado na Austrália (parte II)

Eu costumo receber alguns emails de advogados querendo vir pra Austrália e perguntando sobre o processo de validação.

Gostaria muito de poder ajudar mais, mas como eu já comentei aqui no blog, eu não cheguei a começar o processo, aliás sequer entrei em contato com a Law Society ou a Legal Admission Board de NSW. Tudo o que eu sei foi lendo na internet ou ouvindo outras pessoas falarem.

O site onde tem todo o passo a passo e os requisitos para NSW é esse aqui: http://www.lpab.lawlink.nsw.gov.au/lpab/legalprofession_overseas_practitioners/legalprofession_overseas_practitioners_qualassess.html

Pra quem vem da Nova Zelandia e países da Common Law (como EUA, Inglaterra) o processo fica mais simples, mas países da Civil Law como o Brasil, América Latina e parte da Europa, o processo fica bem mais complicado.

Em parte por isso desisti de validar meu diploma. Não estou mais a fim de estudar 2 anos só pra conseguir a validação, e depois recomeçar a carreira como advogado júnior trabalhando longas horas. Fora que precisaria de um forte investimento financeiro pra pagar a tradução de todas as minhas ementas + IELTS acadêmico (onde vc precisa tirar nota média mínima de 8, sendo mínima de 7 no listening e reading, 8 no writing e 7,5 no speaking) + as matérias que eu teria que fazer + o PLT.

Não conheço ninguém, seja brasileiro ou português, que tenha conseguido validar o diploma de advogado aqui. Os poucos brasileiros que conheci com diploma de direito no Brasil acabaram desistindo no meio do processo de validação, ou sequer começaram e se contentaram com um emprego numa posição de suporte como legal assistant, legal secretary ou paralegal (meu caso inclusive).

Outro ponto é que quem decidir começar o processo tem que estar preparado para o alto investimento financeiro. Primeiro para pagar a tradução das ementas do curso de direito para o inglês, segundo para pagar as taxas da Legal Professional Board (pelo que me disseram, só pra dar entrada na documentação custa uns $400), terceiro para pagar as matérias que eles vão mandar vc estudar + o PLT.

Lembrando que quem tem visto de residência paga os cursos (seja no TAFE seja nas universidades) no mesmo valor que o cidadão australiano, mas não tem direito ao crédito estudantil do governo. Eu achava que tinha, mas quando fui me inscrever no curso que estou fazendo atualmente (nada a ver com direito) indaguei e me disseram que não (a título de curiosidade, o único visto que dá direito a esse crédito do governo é o de refugiado). Até me ofereceram parcelar em 12 vezes (o que é raro por aqui), mas não é esse crédito estudantil do governo que vc pode pagar em mil vezes ao longo da vida e sai bem pouco por mês (fora que vc só começa a pagar quando estiver recebendo um salário mínimo de x por ano).

Fiquem a vontade para me mandar email com dúvidas (denisefpg@gmail.com), mas quanto a validação de diploma de advogado sinto dizer que não tenho mais nada a acrescentar...

Pra não dizer que esse post é só de desencorajamento para os colegas advogados, ressalto que não validar o diploma aqui não significa que vc não possa ter uma carreira na área jurídica. Existem algumas opções que podem ser recompensadoras, como por exemplo:

- é possível (em tese) trabalhar como advogado in-house (no jurídico interno de empresa), ou na parte de consultoria, onde não há exigência de uma licença de advogado. Digo em tese pois acho muito difícil conseguir uma vaga assim só com a experiência no exterior. Pra quem trabalhava com contencioso, como eu, acho bem improvável, mas tenho amigos no Brasil que trabalham com contratos e societário ligado a empresas internacionais, talvez com um currículo assim facilite.

- existem algumas carreiras na área jurídica que não demandam a licença de advogado, mas um bacharelado em direito pode ajudar no currículo. É o caso de conveyancer, debt collector, agente de imigração. Todos esses que listei demandam no geral um curso técnico, que no caso de conveyancer eu sei que tem no TAFE. Eu cheguei a aplicar para algumas vagas de debt collector, usando a experiência que tive no Brasil com recuperação de crédito (pouca, mas já deu pra dar uma enrolada no currículo). Cheguei a ir a uma entrevista num escritório de advocacia, mas acho que eles queriam alguém com mais conhecimento do sistema australiano. Fazer um curso aqui poderia ajudar nesse ponto. Não me interessei em seguir esse caminho pois sempre odiei essas áreas do direito (tanto conveyancing, como debt collection, como imigração).

- posições de suporte ao advogado, como paralegal, legal assistant ou legal secretary. Um paralegal sênior pode atuar exatamente como um advogado, com as mesmas funções, com exceção claro de assinar as peças e prestar consultoria. Fora que essas profissões pagam muito bem. Pra se ter uma idéia, outro dia mesmo uma advogada que trabalha comigo estava comentando que no escritório que ela começou como júnior lawyer, as secretárias ganhavam um salário anual de $80-90 mil dólares, enquanto ela (advogada) ganhava $70,000. Claro que, como eu disse a ela, essas secretárias não tinham uma projeção de carreira de ganhar muito mais que isso, enquanto ela como advogada podia chegar a muuuiiitttooo mais. De todo modo um salário de $80-90 mil já é considerado muito bom, em muitas profissões esse valor vc só alcança com décadas de carreira e olhe lá.
Lembrando que paralegals podem chegar a ganhar mais que secretárias, as vezes $120 mil anuais, o que nem um arquiteto com décadas de carreira muitas vezes ganha. Mas no inicio de carreira um paralegal normalmente ganha menos se comparado com secretária ou legal assistant, principalmente porque normalmente paralegals são estudantes de direito.
Me lembro que nas entrevistas de emprego que fui pra vaga de paralegal chegaram a me oferecer $40.000 anuais, o que dá pouco mais de $600 semanais depois de descontado imposto e superannuation (nesse site tem uma calculadora ótima pra chegar ao valor mensal, já que aqui na Austrália a regra é negociar o salário em termos anuais). Isso dá $16 a hora, sendo que um garçom ou cleaner ganha facilmente $20 a hora (claro, sem emprego fixo, no estilo de casual, sem projeção de carreira, mas enfim, só pra vcs terem uma idéia).

Resumindo, tudo que eu sei sobre o assunto é isso e o que já escrevi antes (aqui e aqui). Se eu souber de alguém que conseguiu levar o processo até o final, volto aqui pra contar.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Mais curso online pra aperfeiçoar o inglês

Já falei do Coursera há uns meses aqui no blog, que oferece cursos online gratuitos.

Essa semana comecei um novo curso, e por enquanto o que mais estou gostando até agora, chamado “An Introduction to Financial Accounting”. Não sei se o que me motivou a fazer o curso foi o fato de sempre ter tido algum interesse nessa área, pelo fato de ter um pai contador que sempre sonhou em me ver fazendo contabilidade, ou se foi o trabalho aqui no escritório onde cada vez mais me dão funções de paralegal e me colocam pra lidar com os balanços financeiros das empresas (não sei se já comentei aqui, mas o escritório que trabalho presta consultoria jurídica na área de mercado de capitais). Eu já tinha uma muito básica noção de contabilidade financeira, mas mesmo assim fico perdida quando tenho que analisar os “financial statements” e me deparo com palavras como "liabilities", "assets", "equity", "GAAP", "revenue". E se tem uma coisa que eu odeio é ficar boiando num assunto ou ficar na base do embromation.

Enfim, me inscrevi nesse curso achando que ia ser boring, mas pra minha surpresa estou adorando! O professor com cara de contador nerd fazendo piada com balancete é ótimo! Ontem comecei a assistir os vídeos da primeira semana (são 10 semanas no total) e fiquei rindo sozinha em casa. rs

Não é nada a minha área, mas além de ser sempre bom ter um conhecimento básico de contabilidade pra manejar as finanças pessoais, é ótimo pra aperfeiçoar o inglês. Fora que conhecimento nunca é demais, certo?

Divirtam-se!

P.S.: Se vc assistir o curso e cumprir as tarefas dadas, ao final vc ganha um certificado de conclusão, que já da pra colocar no currículo. :)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Notícia bizarra no jornal de Sydney

Primeiro um esclarecimento: SMH é o Sydney Morning Herald, o maior jornal de NSW. Westpac, por sua vez, é um dos maiores bancos da Austrália. E Kent Street uma das ruas do centro da cidade.

Na última sexta leio uma notícia bizarra no SMH, cujo resumo é: assalto a um banco no meio do centro da cidade (de Sydney). As 11:15 da manha de sexta-feira um Porsche (?!?) roubado bate na parede de vidro do banco. 2 homens armados com marretas (?!?) entram no banco e roubam os caixas (se é que conseguiram levar algo, ninguém sabe ainda), fugindo em seguida num Subaru WRX azul. Os funcionários do banco (tellers = caixa do banco) ficaram tão abalados que tiveram que ser atendidos por paramédicos (?!?). Enquanto isso as pessoas em volta tiram foto da cena e alguns chegam a se aproximar do local achando que se tratava de mero acidente de transito (?!?) – ninguém pensaria em assalto aqui, claro!

Segue a íntegra em inglês, com as fotos que ilustravam a reportagem online.



Ram-raid on Kent Street Westpac bank branch


Thieves have carried out a daring ram-raid on a bank in Sydney's CBD, driving a stolen Porsche four-wheel-drive into the front of a Westpac branch.

Stunned witnesses said the robbery occurred on Kent Street about 11.15am, and the vehicle's impact caused the building to shake and the wall to partially collapse.


He said the Subaru was parked behind the Porsche, and the getaway driver was 'clearly getting nervous waiting for the others to come out, especially as a number of people were photographing him'

Two masked men, armed with sledgehammers, were seen running out of the building carrying bags and hopping into a stolen blue Subaru WRX getaway vehicle, where a driver was waiting.



Ram raid: the scene where two men raided a Westpac bank. Photo: Twitter: @harperkiwibird


The entire robbery took less than five minutes, with bystanders capturing photographs of the bandits while the robbery was in progress.

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An officer worker, who asked not to be named, said he was walking down Erskine Street when he heard a loud bang.

‘‘At first we thought it was coming from some building works,’’ he said.


A masked man is seen outside the bank.


‘‘Then [we] looked back and saw the Porsche drive into the wall and people in masks get out and run into the bank. It looked to me like they were equipped with sledgehammers.’’

The office worker called triple-0.

He said the Subaru was parked behind the Porsche, and the getaway driver was ‘‘clearly getting nervous waiting for the others to come out, especially as a number of people were photographing him’’.


Daylight robbery: the thieves rammed a car into the Westpac branch. Photo: E Lawler


‘‘He started shouting to the others to hurry up. After a few minutes the others came out and the Subaru sped off, turning down Napoleon Street. I didn’t think they got away with much, if anything,’’ he said.

The vehicle that rammed into the bank appeared to be a Porsche Cayenne.

Police said the men entered the bank through the opening and took money from the tellers.


The Porsche Cayenne reportedly used in the attack. Photo: Supplied


Acting Superintendent David Roptell, commander of The Rocks local area command, said a number of bank staff members were shaken up and had been treated by paramedics.

"It's a brazen attempt as you can see. The offenders and their faces were obscured," he said.

"We’re appealing for witneses that were in the area that may have seen this incident [to contact police]."

He said it was unclear at this stage how much cash the thieves took from the tellers.

Lars was walking down Kent Street on his way to a job interview when the Porsche crashed into the bank five metres behind him.

‘‘There was a massive thud, a crash,’’ said Lars, who did not want his surname used.

‘‘They didn’t get through the glass the first time. They reversed out and went straight back in.

‘‘Two men ran out of the four-wheel-drive and ran inside [the bank], and a blue WRX hatchback was waiting out the front. Probably about a minute later you could start hearing police sirens, and that’s when the driver of the second car started beeping his horn. He held down the horn when they started getting closer.’’

He estimated the whole robbery took only a couple of minutes.

Lars said the men were quite large - at least 180 centimetres tall - and were wearing white cloths or bandanas over their faces.

Lars said he knew immediately that the men were targeting the bank, and he ran behind a concrete pillar in case they were carrying weapons.

But other bystanders began approaching the vehicle.

‘‘People were walking up to it because they thought it was an accident,’’ he said.

Matthew, who works in the building opposite the bank, said the four-wheel-drive crashed through the bank's front window, where it remained with its hazard lights on.

"They entered the building and came out ... with some bags and escaped in a second vehicle,’’ he said.

‘‘There is an ATM right next to where they rammed, and it has a little bit of damage, but it looks like they were trying to enter the bank.’’

He said people in his building heard a loud bang when the vehicle crashed into the window.

There were quite a few people in the street at the time, he said.

A Westpac spokesman confirmed there was an ‘‘attempted robbery’’ on the Kent Street bank.

‘‘No physical injuries to staff or customers have been reported at this time,’’ he said.

‘‘Our priority is our customers and our employee’s safety and we are currently providing support to them at this time.

"Police are currently investigating the matter and we are unable to provide further comment.’’

A number of customers were believed to be in the branch at the time.



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Horário (limitado) de funcionamento do comércio

Estou a semana toda querendo ir no shopping depois do trabalho ver coisas pra casa, mas nunca consigo porque as lojas fecham as 5 da tarde! Isso porque moro em Sydney, não numa cidadezinha do interior do país... Falando nisso, me lembro quando fomos pra Perth há uns anos atrás e era ainda pior, um dos motivos porque eu nunca me acostumaria a morar lá...

Eis que hoje, finalmente, devo conseguir ir, pois toda quinta-feira é “Late Thursday” e as lojas ficam abertas até tarde (tipo 9 da noite, nossa! #sóquenão).

O mais bizarro é que outro dia descobri que o K-mart perto da minha casa fica aberto 24horas! Cadê a lógica disso? Aliás, eu gostaria muito de saber quem vai no K-mart no meio da madrugada...

Falando em horário de funcionamento de lojas, se tem uma coisa que também não me conformo é com restaurante fechando cedo a noite. Normalmente o almoço é servido nos restaurantes entre meio-dia e 3 da tarde, e o jantar entre 6 e 9. Conseguir um lugar decente (tirando fast food, claro) pra comer depois de 9, 10 da noite é tarefa quase impossível! Já mais de uma vez rodamos pela cidade com fome e acabamos parando num Subway da vida, ou pedindo pizza, por serem as únicas opções disponíveis. Claro que há exceções (e essa matéria do Sydney Morning Herald está aqui pra provar), mas de uma forma geral o comércio funciona de forma bem limitada a noite. Assim como os ônibus e os trens, mas isso já é assunto pra outro post...

Ainda bem que eu sempre fui uma pessoa diurna, prefiro acordar cedo e aproveitar o dia (e, claro, durmo cedo), mas de vez em quando ainda bate uma saudade de sair pra dançar e voltar pra casa as 7 da manha, jantar um pouco mais tarde, etc.

Coisas de Austrália...

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Mudança de apartamento

Post vapt vupt só pra não deixar o blog parado. Como já comentei, nos mudamos no último sábado e com isso minha vida anda meio corrida.

Felizmente correu tudo bem com a mudança, muito melhor do que eu esperava. O cara que contratei fez a mudança direitinho, o cleaner (um colombiano suuupppeeerr gente boa, quando fomos entregar as chaves na casa dele, só faltou ele nos convidar pra entrar e tomar um cafezinho. rs) deixou a casa antiga um brinco e nos garantiu o bond de volta sem traumas (confesso que suei frio na inspection final, fiquei com medo dela reclamar de algumas manchinhas aqui e acola), a moça da imobiliária que cuida do nosso novo apto é um amor (um exemplo: mandei um email pra ela semana passada dizendo que tinha agendado a conexão da luz no novo apto pra sexta-feira, um dia antes da mudança – já que eu mudaria no sábado e precisava de luz no fim de semana –, e a companhia de luz tinha pedido para que o interruptor geral do apto estivesse desligado. Não é que em menos de 1 hora ela me responde o email dizendo que tinha ido no apto – que fica a 2 quadras da imobiliária – e desligado o interruptor geral pra mim? Uma fofa, super atenciosa).

A única dor de cabeça está sendo a transferência da internet (de novo! saga anterior aqui e aqui), ontem liguei pra TPG soltando os cachorros, p* da vida (vcs tem idéia de como é difícil reclamar, xingar, etc, em inglês??? Outro dia eu tava vendo um vídeo com o Fabio Porchat no Youtube e ele fala disso, que vc quer dizer mil coisas e no final mal sai uma frase inteligível... haha), mas a moça que me atendeu foi tão, mas tão simpática, que no final estava até batendo papo furado com ela e rindo (depois de mais de 1 hora pendurada no telefone, a historia dava ate um post). Todo operador de telemarketing tinha que ser assim, pena que não anotei o nome dela (acho que ela era indiana, e os nomes são sempre complexos demais pra eu entender... rs) pra fazer um elogio formal pra empresa. Enfim, mesmo com a boa vontade dela o problema não foi resolvido ainda...

Outro “problema” da mudança é que esse apto é bem maior que o anterior e com isso nossos móveis ficaram “voando” na sala. E claro que eu, com o devido incentivo do Thiago (que é um consumista mor!), estou numa saga pra decorar o novo espaço. Como não quero gastar mais dinheiro, aderi a onda do DIY (do it yourself, o nosso famoso faça você mesmo). Estou com mil idéias (washi tape, papel contact, tinta spray), só falta tempo de colocá-las em prática... Com isso meus dias estão uma loucura, todo o tempo livre estamos rodando lojas, pesquisando material, vendo tutoriais na internet.

Aos poucos quando formos montando/pintando/decorando coisas novas venho aqui contar e explicar a saga de conseguir achar materiais em inglês e as respectivas lojas que os vendam.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Caminhada - Milsons Point to Balmoral Beach

Há umas 2 semanas atrás fizemos uma (longa) caminhada pelo norte de Sydney.

Sempre gostamos de fazer trilhas, e Sydney é a cidade perfeita pra isso, tem dezenas de percursos ótimos, com caminhos bem cuidados, mapas grátis distribuídos em vários pontos, banheiro público, água, etc. E com a temperatura sempre por volta de 20graus, muito sol, céu azul e verde pra todo lado, é um convite pra esses passeios.

Essa foi a caminhada mais longa que fizemos aqui na Austrália (que eu me lembre), durou ao todo umas 5 horas (+/- 14km), claro que contando as paradas pelo caminho pra café, lanche, etc.

O percurso é bem tranqüilo, tem uma ou duas subidas (pequenas) mas no resto é plano e bem sinalizado. Vou dando alguns detalhes no decorrer das fotos:




Começamos na estação de trem de Milsons Point, onde começa o traçado rosa no mapa acima (seta preta). Esse mapa vai até Manly, mas nós paramos em Balmoral Beach (seta vermelha).

O primeiro contorno pra baixo do mapa é Cremorne e o segundo Taronga Zoo, passando por vários bairros como North Sydney e Mosman.


As fotos abaixo são do trajeto por Cremorne Point, onde tem uma reserva natural e uma piscina pública. Coloquei os links pra quem quiser pesquisar mais.














Saindo de Cremorne em direção a Mosman (ambos bairros beeemmm caros pra se morar):




Uma das muitas casinhas “modestas” pelo caminho, com piscina voltada pra baía:




Parada para o lanche nos jardins do Athol Hall:








Parada em Chowder Bay:




Nova parada em Georges Head:






Não sei porque não tiramos foto em Balmoral Beach, provavelmente porque estávamos com muita fome e já cansados de andar. rs Mas paramos num restaurante/cafe/bar bem legal lá pra tomar uns drinks, chamado “The Boat House”. Eis algumas fotos:








E pra encerrar, uma das minhas praias preferidas em Sydney – Balmoral Beach: